ATA DA DÉCIMA SEGUNDA SESSÃO EXTRAORDINÁRIA DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 04.12.1998.

 


Aos quatro dias do mês de dezembro do ano de mil novecentos e noventa e oito reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às nove horas e quarenta e cinco minutos foi realizada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Antônio Losada, Carlos Alberto Garcia, Décio Schauren, Elói Guimarães, Fernando Záchia, Gerson Almeida, Guilherme Barbosa, Henrique Fontana, João Carlos Nedel, João Dib, João Motta, José Valdir, Juarez Pinheiro, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Maria do Rosário, Paulo Brum, Reginaldo Pujol, Renato Guimarães, Sônia Santos e Alberto Moesch. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Antonio Hohlfeldt, Cláudio Sebenelo, Clênia Maranhão, Eliseu Sabino, Hélio Corbellini e Isaac Ainhorn. Constatada a existência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias da Ata da Centésima Primeira Sessão Ordinária, que deixou de ser votada face à inexistência de “quorum” deliberativo. À MESA foram encaminhados: pelo Vereador Antonio Hohlfeldt, 01 Pedido de Providências; pelo Vereador Décio Schauren, o Substitutivo nº 01 ao Projeto de Lei do Legislativo nº 144/96 (Processo nº 2315/96); pelo Vereador João Batista Pirulito, 01 Pedido de Providências; pelo Vereador Juarez Pinheiro, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 171 e 174/98 (Processos nºs 3356 e 3401/98, respectivamente). Do EXPEDIENTE constaram os Ofícios nºs 32/98, do Senhor Odir Alberto Tonollier, Secretário Municipal da Fazenda; 2611/98, do Senhor Gilberto Chiapinotto, Superintendente de Negócios da Caixa Econômica Federal - CEF; s/nº, do Senhor Porfírio Peixoto, Presidente do Tribunal de Contas do Estado/RS. A seguir, o Senhor Presidente prestou informações acerca dos procedimentos adotados pela Mesa dos trabalhos face a denúncias recebidas da existência de artefato explosivo neste Plenário. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 163, 167, 169 e 152/98, este discutido pelos Vereadores Carlos Alberto Garcia, Adeli Sell, José Valdir e Cláudio Sebenelo; em 2ª Sessão, os Projetos de Resolução nºs 49 e 50/98, o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 18/98; em 3ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 148, 155, 162, 164 e 165/98. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Paulo Brum registrou a comemoração, ontem, do Dia Internacional de Luta das Pessoas Portadoras de Deficiência. Também, saudou a assinatura, ontem, da primeira concessão de serviço para transporte de passageiros portadores de deficiência física, em veículos perfeitamente adaptados para tal, principalmente para passageiros que utilizam cadeira de rodas, em sistema semelhante ao de rádio-táxi. Na oportunidade, o Vereador Eliseu Sabino formulou Requerimento verbal, solicitando alteração na ordem dos trabalhos. Ainda, o Vereador Carlos Alberto Garcia registrou o transcurso, hoje, do Dia do Orientador Educacional, tendo o Senhor Presidente destacado que a manifestação do Vereador Carlos Alberto Garcia era também a manifestação deste Legislativo. Às dez horas e vinte e nove minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo reabertos às dez horas e trinta minutos, constatada a existência de “quorum”. Na ocasião, foi aprovado Requerimento do Vereador Pedro Ruas, solicitando Licença para Tratar de Interesses Particulares, no dia de hoje, tendo o Senhor Presidente declarado empossado na vereança o Suplente Mário Fraga, informando que Sua Excelência integrará a Comissão de Economia, Finanças e Orçamento. Também, foi apregoado comunicado do Vereador Nereu D’Ávila, Líder da Bancada do PDT, informando do impedimento dos Suplentes João Bosco Vaz e Milton Zuanazzi em assumirem a vereança em substituição ao Vereador Pedro Ruas. Às dez horas e trinta e dois minutos, o Senhor Presidente declarou suspensos os trabalhos, para realização de reunião no Gabinete da Presidência, com os integrantes da Comissão Especial constituída para análise do II Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental. Às doze horas e um minuto, constatada a inexistência de “quorum” para a reabertura dos trabalhos, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos da presente Sessão, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima segunda-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador Luiz Braz e secretariados pelo Vereador Juarez Pinheiro. Do que eu, Juarez Pinheiro, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): Srs. Vereadores, eu peço só um minuto de atenção. Todos sabem que hoje nós teríamos um pronunciamento na Tribuna Popular, de acordo com o Artigo 100 da Lei Orgânica do Município. A entidade que iria utilizar a Tribuna Popular seria o Sindicato dos Municipários de Porto Alegre – SIMPA, dando o resultado da decisão tomada pelo Supremo Tribunal Federal sobre ação Judicial movida pelos municipários relativamente ao percentual de 27% e, sobre a contribuição sindical.

Houve uma ameaça ou várias ameaças de bombas que explodiriam, caso o Presidente do Sindicato utilizasse a Tribuna para fazer esse comunicado. Esses avisos, vindos da parte de algum bandido ou de algum canalha, tentando parar a Sessão da Câmara Municipal, surtiram efeito num primeiro momento, até porque nós teríamos que ter toda a responsabilidade possível para poder liberar a Sessão. Suspendemos a Sessão no seu horário normal, e a nossa Segurança, que tem demonstrado muita eficiência, fez toda a revisão da área sem encontrar absolutamente nada. A Brigada Militar esteve presente, mas nós suspendemos a vinda do GATE, que seria o batalhão especializado em bombas, porque, com a presença do GATE, nós seríamos obrigados a evacuar toda a Casa, inviabilizando completamente o dia de trabalho, aqui, na nossa Câmara Municipal.

A nossa segurança fez a revisão completa de todo o Plenário. Não é a primeira vez que nós sofremos ameaças de que bombas explodiriam em nossa Câmara Municipal. Não é a primeira vez que nós paralisamos Sessões na Câmara Municipal por esse motivo.

Nesse interregno, eu recebi um telefonema do Presidente do SIMPA, dizendo que, ontem, também recebeu ameaça de atentado contra ele e a sua família, por isso suspendia sua vinda à Câmara Municipal. Como Presidente da Câmara, quero dizer que a Tribuna Popular continua absolutamente livre para qualquer entidade, incluindo o SIMPA, para fazer qualquer tipo de comunicado ou manifestação.

Passamos à

 

PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

1ª SESSÃO

 

PROC. 3014/98 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 152/98, de autoria do Ver. Carlos Alberto Garcia, que institui a Semana Educativa de Combate às Drogas no Município de Porto Alegre e dá outras providências.

 

PROC. 3177/98 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 163/98, de autoria do Ver. Antonio Hohlfeldt, que denomina Rua Carlos Rafael Guimaraens um logradouro irregular localizado no Bairro Camaquã.

 

PROC. 3243/98 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 167/98, de autoria do Ver. Antonio Hohlfeldt, que denomina Praça Milton Carlos Baggio um logradouro público localizado no Bairro Rubem Berta.

 

PROC. 3300/98 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 169/98, de autoria do Ver. Hélio Corbellini, que denomina Rua Gilson Luiz Bandeira Valadão um logradouro irregular localizado no Bairro Mário Quintana.

 

2ª SESSÃO

 

PROC. 3248/98 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 050/98, de autoria do Ver. Renato Guimarães, que institui o prêmio Quilombo dos Palmares e dá outras providências.

 

PROC. 3207/98 – PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 018/98, de autoria do Ver. Fernando Záchia, que altera a redação do item 91 da Lista de Serviços anexa ao art. 18 da Lei Complementar nº 07, de 07 de dezembro de 1973, que institui e disciplina os tributos de competência do Município.

 

PROC. 3197/98 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 049/98, de autoria do Ver. Carlos Alberto Garcia, que concede os títulos honoríficos de Líder Esportivo e Esportista Exemplar ao Sr. Léo Evandro Tubino Fraga.

 

 

3ª SESSÃO

 

PROC. 2910/98 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 148/98, de autoria do Ver. Nereu D’Ávila, que institui, na rede municipal de ensino público de 1º e 2º graus, o estudo referente à dependência química e dá outras providências.

 

PROC. 3098/98 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 155/98, de autoria do Ver. Clovis Ilgenfritz, que disciplina o uso do Mobiliário Urbano e Veículos Publicitários no Município e dá outras providências.

 

PROC. 3170/98 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 162/98, de autoria do Ver. Antonio Hohlfeldt, que denomina Rua Roberto Felix Bertoi um logradouro irregular localizado no Bairro Camaquã.

 

PROC. 3204/98 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 164/98, de autoria do Ver. Adeli Sell, que dispõe sobre o fornecimento facultativo de recibo impresso aos usuários de táxi por parte dos motoristas do transporte individual de passageiros no Município de Porto Alegre.

 

PROC. 3206/98 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 165/98, de autoria do Ver. Adeli Sell, que dispõe sobre a identificação do prefixo nos tetos dos veículos de transporte coletivo, seletivo e de emergência, como medida de segurança e apoio às operações policiais e de emergência, que envolvam patrulhas aéreas e outros tipos de ocorrências.

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra para discutir a Pauta. Desiste. O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a palavra para discutir.

 

O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, está tramitando, a partir de hoje, em 1ª Sessão, um Projeto de nossa autoria que institui a Semana Educativa de Combate às Drogas no Município de Porto Alegre e dá outras providências.

Esse é um dos assuntos mais discutidos e debatidos na nossa sociedade. E, no nosso entendimento, iniciativas dessa natureza são sempre bem-vindas, pois oportunizam que escolas e instituições em geral discutam o assunto.

Nesse Projeto, nós estamos propondo que a Semana Educativa de Combate às Drogas seja sempre iniciada no domingo de Páscoa, porque a data lembra ressurreição, vida. É o momento oportuno para que a sociedade possa fazer uma intensa reflexão sobre algo que é, sem sombra de dúvidas, um dos maiores malefícios do mundo atual, que é a droga. É por isso que nós gostaríamos que os Senhores e as Senhoras pudessem se debruçar sobre esses questionamentos, porque Porto Alegre precisa cada vez mais discutir, a sociedade precisa atacar de frente a questão da droga. Esse é um problema que existe nas casas, nas escolas, na sociedade, mas, muitas vezes, nós não queremos encarar de frente, pois achamos que só ocorre com os outros. É neste sentido que nós estamos propondo a iniciativa, para que a comunidade possa fazer uma ampla discussão sobre os malefícios das drogas perante a sociedade atual. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Paulo Brum está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. PAULO BRUM: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, ocupo este espaço de Comunicação de Líder do meu partido, PTB, para fazer o registro de que ontem, dia 03 de dezembro, foi comemorado o Dia Internacional de Luta das Pessoas Portadoras de Deficiência.

Queremos, também, registrar para os Anais desta Casa que ontem mais uma vitória foi alcançada aqui no Município, capital do Rio Grande do Sul, a nossa Porto Alegre, e, em especial, no que diz respeito aos portadores de deficiência física, notadamente aqueles que se utilizam, para poder se locomover, de uma cadeira de rodas.

Ontem, Sr. Presidente, o Sr. Prefeito Municipal, Dr. Raul Pont, em conjunto com dirigentes de entidades e assessores da Prefeitura Municipal, assinou a primeira concessão da nossa perua rádiotaxi, resultado de um Projeto lançado nesta Casa e aprovado pelos Srs. Vereadores. O Executivo foi sensível aos nossos apelos e às necessidades das pessoas portadores de deficiência física.

Por isso, Sr. Presidente, queremos deixar registrado, nesta Casa, que alcançamos mais uma vitória com a ajuda dos Srs. Vereadores e com a sensibilização do Sr. Prefeito Municipal.

Essa primeira concessão foi destinada ao Transportes Molina, empresa especializada no transporte de portadores de deficiência. Gostaríamos de salientar que a importância desse serviço para os portadores de deficiência física é de extrema necessidade, visto que esse veículo é uma Kombi totalmente adaptada com elevador hidráulico para transporte de deficientes físicos que utilizam uma cadeira de rodas. Esse serviço funcionará no mesmo sistema da rádiotaxi. Gostaria de deixar registrado, e àqueles que estão nos assistindo, neste momento, através da TV Câmara, queremos deixar o telefone para que qualquer portador de deficiência física que precise utilizar um táxi especial em Porto Alegre, basta simplesmente fazer a chamada que o veículo estará a sua disposição. É importante frisar que a tarifa é normal, como para qualquer outro cidadão que utilizar um táxi em Porto Alegre. Esse portador de deficiência física terá esse serviço à sua disposição e pagará a mesma quantia que as pessoas pagam para utilizar um táxi em Porto Alegre.

O telefone para a chamada é 315.2544 e 963.6479. A partir deste instante, a Capital do Rio Grande passa a ser a segunda cidade a utilizar esse sistema de transporte especial para atender aos nossos portadores de deficiência física. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Renato Guimarães está com a palavra. Desiste. O Ver. Adeli Sell está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Senhoras e Senhores, comento, da mesma forma que fez o Ver. Carlos Garcia, o Projeto de Lei que institui a Semana Educativa de Combate às Drogas no Município de Porto Alegre. Comento esse projeto, porque ainda nesta semana tive uma discussão na Associação de Moradores da Rua 24 de Maio, com a presença da Brigada Militar, e o tema central era exatamente o grande problema da drogalização na escadaria dessa rua. Ontem, pessoalmente, pude constatar o fato, inclusive, na Praça Montevidéu, em frente à Prefeitura.

A nossa Cidade, como qualquer outra cidade neste País, grande ou pequena, enfrenta a questão da utilização da droga, particularmente, as crianças e os jovens. Por isso, eu acredito que dever-se-ia discutir a integração dessa proposta no Calendário de Eventos do Município e efetuarmos um trabalho efetivo com várias entidades, com várias organizações, junto com o Poder Público Municipal, em uma semana é importante, porque ela marca, mas eu creio que isso é insuficiente. Insuficiente como tivemos ainda esta semana o Dia Nacional de Combate à AIDS. Não adianta apenas um dia; não adianta apenas a instituição de uma semana. É positivo, estamos de acordo com isso, mas nós precisamos, permanentemente, como legisladores do Município, como cidadãos desta Cidade, ter uma profunda preocupação com esse problema que assola a nossa juventude, as nossas crianças.

Nós temos que ter programas permanentes, não só do Poder Público Municipal, mas de uma integração de todas as esferas do poder público nos níveis federal, estadual e municipal, e, sem dúvida nenhuma, com todas as entidades da sociedade civil. Nós precisamos chamar a atenção de todos os segmentos da nossa sociedade, porque esta é uma luta de todos, não é a luta apenas de alguns. Obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. José Valdir está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, nós temos mais um projeto na Casa pretendendo interferir no currículo das escolas de primeiro e segundo graus ao propor uma disciplina, ou qualquer coisa do gênero, disfarçada em estudo, sobre a questão da dependência química.

Todo o ano esta Casa é infestada por uma série de projetos que pretendem fazer esse tipo de violência ao currículo das escolas, inclusive passando por cima da própria lei e por cima do direito que a comunidade tem de discuti-lo.

Eu já tive oportunidade de me contrapor a todos esses projetos, e sempre que houver esse tipo de projeto, eu virei à tribuna para discuti-lo, porque eu considero duas coisas muito sérias: a primeira, é tratar dessa forma menor a questão do currículo.

Currículo é uma questão muito séria. Existem estudos, livros publicados de pedagogos, que se debruçam sobre esse tema do currículo escolar, que é um assunto extremamente complexo. Currículo não é somente uma listagem de conteúdos a serem implementados numa escola, tanto é que existem diversos estudos, linhas pedagógicas diferenciadas, tratando da questão.

Então, não vai ser esta Câmara, através de um Vereador que queira agradar seus eleitores, que proporá qualquer coisa para incluir no currículo escolar.

Existe, hoje, uma discussão sobre currículo emergente, que diz que o currículo tem que partir de um estudo da realidade onde a escola está inserida e, a partir daí, montar o currículo, pesquisando aqueles temas centrais de preocupação da comunidade. Ao incluirmos qualquer disciplina, matéria, ou estudo no currículo escolar, vamos estar passando por cima de todos esses estudos que estão sendo feitos sobre a questão do currículo, tratando-o como uma questão extremamente séria.

Além disso, existe um problema: se esta Câmara pode aprovar para incluir o conteúdo “a” ou “b”, todos podem propor currículo, disciplinas, conteúdos novos, e este currículo vai-se tornar inadministrável.

Mas existe outra questão, que está subjacente a essas tentativas de propor novos estudos, novas disciplinas: é uma idéia de superestimação do poder da escola, como se através dela pudéssemos resolver todos os problemas da sociedade a partir do momento em que forçamos a escola a abordar, desde a tenra infância dos alunos, aqueles problemas para resolver a problemática da sociedade.

Ora, isso é superestimar o papel da escola, que está permeada de problemas da sociedade. A escola é uma instituição que está no meio da sociedade, que tem todos esses problemas, está perpassada por eles e por questões novas que hoje se coloca.

A escola vem perdendo, assim como a família, o seu poder, temos que avaliar muito bem isso. Depois que essa sociedade se transformou em consumista, em sociedade de massa, com os meios de comunicação poderosos invadindo a nossa casa, onde as crianças e adolescentes ficam até 24 horas na frente de uma televisão, o poder da família e da escola diminui muito.

Sobre a questão das drogas, nós achamos que a escola não tem este poder, pois mesmo se incluirmos uma disciplina de Estudo da Dependência Química, enquanto estivermos fazendo isso, os meios de comunicação continuarão, a todo momento, divulgando mensagens incentivando o uso do álcool e o uso do fumo. É uma disputa extremamente desproporcional!

Por isso, além de todos esses problemas do currículo, além do desrespeito aos profissionais da educação, ainda temos uma visão que superestima o papel da escola e que não leva em conta que ela, na sociedade em que vivemos, já perdeu muito da sua força e do seu papel. A escola não é mais o único agente que educa a sociedade, nunca foi o único, mas hoje ela perdeu mais ainda do poder que tinha outrora.

Portanto, eu acho que esses projetos não devem prosperar aqui na Câmara; acho que não devemos permitir que a Câmara de Vereadores de Porto Alegre trate dessa forma uma questão extremamente séria, que é a questão do currículo escolar, incluindo, a todo momento, novas disciplinas e novos estudos no currículo das escola, porque a parte diversificada, que é sempre argumentada, é a parte que atende as peculiaridades regionais. Nós temos que nos utilizar bem desse dispositivo da Lei e, quando introduzimos alguma disciplina para atender essas peculiaridades regionais e locais, fazer um processo de participação da comunidade escolar para escolher essas disciplinas, e não, simplesmente, a Câmara de Vereadores votar e incluir novas disciplinas e novos conteúdos nos currículos das escolas. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o Ver. José Valdir aborda, com muita propriedade, o problema da inserção de novas disciplinas nos currículos escolares dos municípios. Na verdade, o Projeto do Ver. Nereu D’Ávila, quando institui na rede municipal o estudo referente à dependência química e dá outras providências, age na raiz do problema. É um Projeto meritório, porque a ação contra a dependência química deve ser uma demanda muito mais do que a ação contra o traficante, e a ação contra o fabrico da droga. A fábrica de drogas é quase impossível de ser dizimada, porque a obtenção da droga é de extrema facilidade, do ponto de vista agrícola. Existem países especializados nisso, como o Paquistão, a Bolívia, a Colômbia. Nós vimos uma imensa quantidade de dólares investida contra a fabricação, a obtenção do produto. Foi investida, também, uma verba nunca vista na história da humanidade na guerra ao tráfico da droga, na ilusão de que impedindo o tráfico se impediria o consumo. Nunca se tratou com a mesma intensidade em buscar a diminuição da demanda da droga. E a demanda se faz através de uma única via, que funcionará definitivamente erradicando esse problema, que é através da educação, da conscientização e do exame apurado das causas, do motivo pelo qual o ser humano busca a droga, isso está na raiz desse tipo de problema e, assim, o Ver. Nereu D’Ávila aumenta o mérito do seu Projeto, da sua proposta.

Por outro lado, o Ver. José Valdir, muito propriamente, pede para que não haja interferência no currículo, o que também está correto. Na verdade, isso não se constitui num desrespeito aos educadores, porém me parece que é correto o debate aqui, sim, mas que o currículo preestabeleça já, num outro fórum, as conclusões desse debate.

 

O Sr. Nereu D’Ávila: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ilustre Ver. Cláudio Sebenelo, ouço V.Exa. com atenção e, só para animar o debate, eu quero dizer que fiquei muito satisfeito com uma notícia, que eu anexei aos autos do Processo, que foi manchete na Zero Hora, com fotografia, onde o Presidente Fernando Henrique Cardoso, no 1º Encontro Antidrogas realizado no Brasil, em Brasília, no final de semana passado, sugere o seguinte: “Fernando Henrique sugere a inserção nos currículos escolares da disciplina Antidrogas.” E com esse Projeto nós não queremos ir no currículo, direto, como disciplina, mas indiretamente, como conteúdo. A discussão da matéria que V. Exa. está fazendo nos envaidece, porque o Presidente reeleito deste País se pronunciou oficialmente, dando a sua palavra abalizada. Então, o debate está inserido e agradeço pela oportunidade do aparte.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Ver. Nereu D’Ávila, o mérito do seu Projeto está não só no debate, mas no combate à dependência química, exatamente no único ponto em que pode ser combatida, que é na demanda. É a educação que vai resolver esse tipo de problema, mas se isso for transformado em lei, antes deve ser submetido a um fórum de professores, para que seja adaptado, para que não pareça que se está querendo ensinar. O assunto é extremamente delicado, tanto que o debate também não pode suscitar a propaganda da droga. Então, esta Câmara é o fórum adequado para um grande debate, não constituindo um desrespeito aos educadores. Até o debate pode ser feito em outro fórum, para se decidir como será feito. Aceito, inclusive, até uma certa interferência, porque isso é uma coisa que invade a nossa casa, os nossos filhos.

A sociedade está exposta a esse problema, as pessoas estão sendo trucidadas, está havendo um genocídio. E como é uma preocupação mundial, temos que debater cada vez mais isso. Este é um dos fóruns, mas se houver uma transformação da lei nesse Projeto, que isso seja encaminhado a um outro fórum de debates, e como isso será encaixado no currículo, é apenas uma questão de adaptação e não uma violência.

 

O Sr. José Valdir: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Quero deixar bem claro que esta Câmara discutir a questão das drogas é fundamental, é um debate necessário. O que discordo é resolvermos o problema ou achar que está-se resolvendo incluindo disciplina no currículo, o que é uma violência. Inclusive, há estudos sérios feitos pelos pedagogos sobre a questão do currículo, e não podemos, simplesmente, incluir, como não poderemos propor questões em relação ao trabalho do médico. O debate sobre a questão das drogas é fundamental.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Esse projeto tem muito mérito, não teve objetivo eleitoreiro, nem político. Há uma grande motivação de toda a humanidade em relação a esse problema, que não é só de educação mas de saúde. Um problema de grande angústia para o nosso consciente e inconsciente coletivo que busca uma solução, e até hoje não a encontrou.

A terceira alternativa, que é a luta contra a dependência química na demanda, essa nunca foi feita com a voracidade, a veemência e o investimento de grandes recursos nessa área. O mundo inteiro vê, com espanto, grandes investimentos, por exemplo, na área do tráfico das drogas, quando na verdade o investimento deve ser na educação.

A matéria deve ser debatida, mas concordo com o Vereador: precauções devem ser tomadas em relação à transformação de um projeto de muito mérito em lei. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

O SR. ELISEU SABINO (Requerimento): Requeiro que sejam votados os Requerimentos neste momento. Tenho um Requerimento para o Grande Expediente do dia 14 de dezembro, dedicado a homenagear o Dia da Bíblia; solicito que esse seja o primeiro a ser votado.

 

O SR. CARLOS GARCIA: Sr. Presidente, hoje é o Dia do Orientador Educacional, aquelas pessoas que trabalham diretamente com o educando no sentido de uma construção para a cidadania. A nossa homenagem, em nome de todos os 33 Vereadores a essa categoria.

 

O SR. PRESIDENTE: Essa homenagem se transforma em uma homenagem da Casa para o Orientadores Educacionais. Estão suspensos os trabalhos.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 10h29min.)

 

O SR. PRESIDENTE (às 10h30min): Estão reabertos os trabalhos. O Ver. Pedro Ruas solicita Licença para Tratar de Interesses Particulares na data de hoje.

 

(Obs.: Foi aprovado Requerimento de licença do Ver. Pedro Ruas, e dada posse ao Suplente, conforme consta na Ata.)

 

Srs. Vereadores, existe um acordo entre as Lideranças da Casa, motivo pelo qual nós suspenderemos a Sessão, momentaneamente, para que esta Sessão não tivesse seqüência para que nós realizarmos uma reunião no Gabinete da Presidência com toda a Comissão do II Plano Diretor, já que nós estamos em prazo final para apreciar o Projeto do Plano Diretor que está na Comissão Especial.

Portanto, nós vamos suspender a Sessão e vamos nos dirigir para a reunião da Comissão do II Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental. É uma Comissão que envolve dezessete Vereadores da Casa. A esta altura dos acontecimentos preocupa todos os demais Vereadores a votação ou não do II PDDUA que está na Casa. Estão suspensos os trabalhos.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 10h32min.)

 

O SR. PRESIDENTE (às 12h01min): Estão reabertos os trabalhos. (Após a verificação de quórum.) Não havendo quórum, encerramos os trabalhos da presente Sessão Extraordinária.

 

(Encerra-se a Sessão às 12h01min.)

 

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